Bom dia, caros investidores.
Há uns dias, encontrei-me com dois grandes empresários que já não via há algum tempo. São dois amigos, muito bem-sucedidos, felizes e financeiramente realizados. Ambos compram activos de investimento (como acções, imóveis, fundos e participações em empresas de capital privado), mas tinham estratégias de venda diferentes. Um procurava comprar ou empreender para depois vender a um bom preço. O outro era radical e obstinado – “não vendo nada… só compro”, dizia ele. Tinha acções, terrenos, casas, etc… deixava tudo a render, muito ou pouco, e nada vendia. Alguns activos estiveram moribundos por décadas, mostrando-se excelentes investimentos anos mais tarde.
Qual dos dois estará certo?
Após a publicação da última «Acção do Mês»…
… actualizei a lista trimestral e continuei a actualizar a lista completa de acções publicadas no Prudente (que já tem 331 empresas, 41 das quais com yields superiores a 6%):
LISTA COMPLETA DE ACÇÕES DO PRUDENTE (2022-09-30)
(download disponível apenas para os subscritores do Prudente)
Para que serve a lista?
Essa lista completa de todas as acções que já foram publicadas no Prudente contém os tickers, a data de actualização (que inicialmente correspondia à data da última alteração aos dados da tabela, mas que tenho vindo a actualizar para a data do último relatório anual, que é aquele que importa ao cálculo das medianas; agradeço a compreensão), o net payout (que é a remuneração em forma de dividendos e buybacks), o yield e o valor dos rácios de retorno sobre o capital (ROE é mais indicado para as empresas financeiras e o ROIC para as não-financeiras).
Esta estrutura simplificada parece-me a mais útil à generalidade dos subscritores que pretendem acompanhar os seus investimentos de longo prazo, independentemente destes corresponderem ou não às «Acções do Mês», cumprindo assim o mote do Investidor Prudente: «Procuramos BOAS EMPRESAS (elevado ROE e ROIC), que produzam BONS RENDIMENTOS (net payout), cotadas a BONS PREÇOS (yield)».
Se os investidores tivessem vários imóveis a arrendar, acredito que também gostassem de ter uma tabela com a identificação dos prédios, a sua localização, a renda e o yield. Se o yield fosse muito baixo, talvez quisessem vender os imóveis. A mesma lógica aplica-se à lista das acções do Prudente.
Nota: Relembro que em backoffice eu tenho de acompanhar e actualizar muito outros dados financeiros e contabilísticos, além de redigir notas pessoais acerca de cada uma das empresas (algo que estive a manhã inteira a fazer). Isto ajuda a monitorar com rapidez as centenas de empresas publicadas. Se desejarem, podem fazer o mesmo.
E quando devo vender as minhas acções?
Bem… comprar é fácil, difícil é vender. Aí é quando a porca torce o rabo.
Na lista das «Acções do Mês», irei tentar manter no máximo um conjunto de 30 empresas, adicionando ou retirando as companhias desse conjunto à medida que o mercado evolui. A ideia é ter sempre (e acompanhar) as melhores oportunidades para investimento a longo prazo.
No entanto, isto não constitui (mesmo) uma recomendação de compra e venda. Alguns subscritores poderão, de acordo com o seu temperamento e sensibilidade ao risco, adquirir um número superior ou inferior a 30 empresas, e vender (ou não) de acordo com várias estratégias:
- Vender quando o yield atinge valores baixos (abaixo de 3%, por exemplo), substituindo uma empresa por outra;
- Vender quando as cotações sobem muito (há investidores que não querem ter mais de 10% ou 20% de capital concentrado numa só empresa; outros necessitam de vender para rebalancear o portefólio, colocando o dinheiro noutros activos – como depósitos, obrigações, fundos, ouro, etc.);
- Vender quando algo de grave acontece na empresa (ainda há uns tempos excluí a 3M devido aos graves litígios em tribunal);
- Vender quando necessita de capital para realizar outro investimento (ou gasto pessoal);
- Vender algumas acções da empresa à medida que esta recompra mais acções próprias, simulando uma distribuição de dividendos (como explica o Manual do Investidor Prudente);
- Vender só passados 10 anos, se os fundamentos da empresa se alterarem (estratégia Coffee Can Investing);
- Nunca vender (como o meu amigo empresário que, obstinadamente, só compra activos; nunca os vende).
- etc.
Lamento, mas não existe um único caminho em bolsa válido para todos. Ainda assim, acredito que a coluna do yield na lista completa ajude a generalidade dos investidores a tomar as suas próprias decisões – comprando boas empresas a bons preços quando os yields são atractivos e vendendo as acções (ou parte delas) quando os yields diminuem. É simples!
Estas também saem…
Como o propósito do Prudente é manter na lista completa apenas as melhores empresas – isto é, aquelas que apresentem um potencial superior – irei retirar mais algumas da lista à medida que actualizo a informação em backoffice. Apresento as justificações sumárias:
- Western Digital – diluição crescente do número de acções em circulação, queda dos rácios de retorno sobre o capital e falta de remuneração aos accionistas.
- Bayer – diluição do capital, prejuízos recentes, dívida elevada e baixos retornos sobre o capital.
- T-Mobile US – já tinha excluído a Deutsche Telekom; agora vai a T-Mobile, devido à forte diluição do capital, aos baixos retornos e ao fluxo de caixa livre negativo.
- Micron Technology – prejuízos, diluição do capital, baixos retornos sobre o capital e falta de remuneração adequada ao accionista.
- Airbus – apesar de ser a mais prudente do duopólio, tem um histórico de prejuízos e um ROIC (5y) de 9%; não costuma remunerar bem os accionistas.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.