Luiz Barsi – O Rei dos Dividendos
Ontem pouco dormi, pois estive a ler compulsivamente, de uma assentada, o livro «O Rei dos Dividendos» – a biografia de Luiz Barsi Filho, o maior investidor da bolsa brasileira:
O livro «O Rei dos Dividendos» de Luiz Barsi, vale a pena?
Sim, recomendo muito a leitura. Li o livro todo num só dia! Está disponível para venda na editora Sextante em formato físico e digital (e-book e audiolivro). E na Amazon é possível ler gratuitamente um excerto.
“O Rei dos Dividentos” foca os aspectos da vida pessoal do investidor, o seu percurso profissional, a atitude face aos investimentos, o dividend yield e, claro, as acções que transformaram Luiz Barsi no Rei dos Dividendos.
Mas… e o Rei dos Buybacks? Quem será?
“Buybacks” ou “repurchase of outstanding shares” (recompra de acções próprias) é um método alternativo à distribuição de dividendos que permite às empresas remunerar os accionistas sem que estes tenham de pagar impostos. Ao recomprar as próprias acções, a empresa pode custodiá-las em tesouraria ou cancelá-las (eliminá-las). Isso faz diminuir o número de acções em circulação e aumentar a participação dos accionistas. Por exemplo, se uma empresa tem 100 milhões de acções e recompra 50 milhões, o accionista que tinha 1% do capital da empresa passa automaticamente a ter 2% das acções em circulação.
Já irei voltar a este tema dos buybacks…
Entretanto, gostaria de dizer que, a par dos assuntos relacionados com as áreas da contabilidade e do direito, adoro ler estes livros autobiográficos. Em português de Portugal e do Brasil temos vários livros deste tipo. Recomendo estes três:
Três livros de carácter biográfico em português
#1 Faça Fortuna com Ações
Segundo Luiz Barsi, este é o melhor livro de investimento em bolsa publicado no Brasil. O livro foi escrito por Décio Bazin, que chegou a ser colega de Luiz Barsi. É, simultaneamente, uma autobiografia e um manual de investimento:
#2 Efeito Bola de Neve
A biografia autorizada de Warren Buffett, um calhamaço escrito pela jornalista Alice Schroeder:
#3 Hora de Investir?
A biografia de Pedro Caldeira, aquele que chegou a ser o maior investidor da bolsa portuguesa:
O Rei dos Dividendos… e o Rei dos “Buybacks”?
Tanto em Portugal como no Brasil (países cuja legislação limita a recompra de acções próprias), os investidores atribuem uma enorme importância aos dividendos. Afinal de contas, as cotações são voláteis e imprevisíveis, enquanto os dividendos são, em algumas empresas de grande qualidade, estáveis e previsíveis. É normal, por isso, ver especuladores focados na evolução das cotações e investidores de longo prazo atentos aos dividendos (que no Brasil vão, provavelmente, deixar de estar isentos de impostos).
A tributação dos dividendos é um assunto que atrapalha sempre os investidores. Por um lado, é uma chatice ter de pagar impostos sobre um lucro distribuído que já foi tributado; por outro, a legislação fiscal nem sempre é simples, clara e adequada à realidade dos investidores. Por isso, desde há umas décadas, muitas empresas começaram a remunerar os accionistas pela via dos buybacks…
… provocando uma subida nas cotações e evitando a tributação da remuneração dos accionistas.
6% de dividend yield ou net payout yield?
Décio Bazin e Luiz Barsi procuram sempre comprar empresas que produzam um dividend yield de 6%. Porquê? E como integrar o dividend yield na nova realidade trazida pelos buybacks?
Ja sabemos que, após a década de 80, as empresas começaram cada vez mais a remunerar os accionistas pela via das recompras de acções próprias (buybacks), aumentando assim a participação dos accionistas nas empresas e diminuindo a percentagem de dividendos distribuídos (e, por conseguinte, o dividend yield). Mas, em média, os accionistas continuaram a receber aproximadamente 4% de total net payout yield (dividendos + buybacks):
Um dos critérios usados pelos grandes investidores em valor (como o Décio Bazin e Luiz Barsi) para afastar os possíveis erros de avaliação é o da margem de segurança – isto implica comprar um activo a desconto:
Se, em média, a remuneração dos accionistas corresponde a 4%, podemos exigir uma margem de segurança ou desconto de 50%, como recomenda Benjamin Graham, ou seja, um yield de 6%:
4% x (1+50%) = 6%
O valor é um pouco arbitrário, mas como diz Benjamin Graham:
Esse número [50%] é suficiente para fornecer uma margem muito grande de segurança, a qual, sob condições favoráveis, evitará ou minimizará um prejuízo. Se tal margem estiver presente em cada integrante de uma lista diversificada de vinte ou mais acções, a probabilidade de um resultado favorável sob “condições próximas do normal” torna-se muito grande. Essa é a razão pela qual a política de investimento em acções ordinárias representativas não exige percepção e previsão agudas para funcionar com sucesso. Se as compras forem feitas no nível médio do mercado ao longo de um intervalo de anos, os preços deverão trazer com eles a garantia de uma margem adequada de segurança.
Simular o dividendo
Nestes casos, em que as empresas atribuem aos accionistas uma remuneração sob a forma de dividendos e buybacks, pode ser interessante vender regularmente algumas acções, simulando uma distribuição de dividendos.
Como funciona isto?
Vamos supor que um investidor tem $5.000 investidos numa empresa que apresenta uma cotação de $50 e um net payout yield de 7%, distribuído desta forma:
– Dividend Yield: 2%
– Buyback Yield: 5%
Neste caso, ele vai receber $100 em dividendos…
$5.000 x 2% = $100
… e vai vender 5 acções (5 x $50 = $250), gerando uma remuneração de $250. Assim, acaba por simular um dividendo de 7%:
+ $100 dividendos (2%)
+ $250 buybacks (5%)
= $350 ($5.000 x 7% = $350)
Isto é particularmente importante quando o mercado está caro e as empresas realizam os buybacks a um preço elevado.
O Rei do Yield
Aqui no Prudente, nós também gostamos de comprar excelentes empresas a bons preços, isto é, com yields elevados. Procuramos geralmente comprar yields superiores a 6% e não inferiores a 4%. Mas, além dos dividendos, também levamos em conta os buybacks líquidos e diluídos.
O Investidor Prudente é o Rei do Yield!
É o único serviço que proporciona aos subscritores o cálculo do total net payout yield (dividendos + buybacks líquidos e diluídos) das grandes empresas da bolsa em forma de lista:
Se desejar aprofundar estes assuntos e conhecer o método do yield, leia o Manual do Investidor Prudente (download gratuito):
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
2 respostas
Temos que aprender com quem sabe.
Exactamente! Temos de aprender a imitar os melhores.