Isto acontece na maioria dos países do mundo. Por isso, após a década de 80, as empresas começaram a remunerar os accionistas com buybacks, isto é, recompras de acções próprias (que estão isentas de impostos), fazendo aumentar o valor intrínseco das acções. Hoje em dia, a remuneração dos accionistas não é definida apenas pelo dividend yield, mas também pelo buyback yield (a remuneração dos buybacks):
Se somarmos os dois yields obtemos o Total Net Payout Yield. No site do Investidor Prudente é possível encontrar uma lista completa e actualizada de boas empresas que pagam os melhores total net payout yields:
Quero aprender mais sobre dividendos
Se quiser aprender mais sobre dividendos, buybacks e investimentos em acções a longo prazo, recomendo-lhe a leitura do Manual do Investidor Prudente em Acções (download gratuito neste link).
Comprou uma acção? Então você é efectivamente um dono da empresa!
Como accionista, é perfeitamente normal que ao longo dos anos receba uma parte dos lucros correspondente à sua quota-parte na empresa – quantas mais acções tiver, maior será a sua participação (influência) na empresa e mais frutos receberá dela… os chamados dividendos.
Mas afinal o que são dividendos?
Simplificando: é o dinheiro que a empresa lhe dá.
O investidor em acções é como um agricultor que planta árvores de fruto – por exemplo, laranjeiras: primeiro investe nas acções que lhe garantem uma participação na empresa (planta as árvores), recebe os dividendos que as empresas lhe pagam (colhe as laranjas) e pode vender, quando quiser, as acções a outros investidor (vende as árvores).
De onde saem os dividendos?
Ao contrário das entidades sem fim lucrativo, como as fundações e as associações, as empresas são entidades que prosseguem um objectivo específico: o lucro.
Todas as empresas vendem (ou esperam vender) um produto aos seus clientes e pagam todos os seus custos (matéria prima, mercadoria, salários, publicidade, impostos, etc.). Se os rendimentos forem superiores aos gastos, a empresa vai ganhar dinheiro (lucro). Esse dinheiro pode ser usado para várias coisas – para manter ou expandir o negócio (o dinheiro vai para a empresa) e para remunerar os donos da empresa (aqui o dinheiro vai para os accionistas). Assim, o “dividendo” é o dinheiro que resulta do lucro da empresa, distribuído aos accionistas (os donos da empresa) em função da quantidade de acções que detiverem. Quantas mais acções o investidor possuir, mais dividendos ele vai receber.
Os dividendos podem ser pagos anualmente, semestralmente, trimestralmente ou até mensalmente, mas há empresas que pagam dividendos extraordinários em qualquer momento definido pela administração.
No entanto, nem todas as empresas pagam dividendos, e os motivos são variados (bom e maus): a empresa pode ter prejuízos (não tendo dinheiro para pagar aos accionistas), pode necessitar do dinheiro para o próprio negócio (para pagar uma dívida, para pagar multas, para realizar investimentos, etc.) e pode usar outras formas de remuneração alternativas aos dividendos – os chamados buybacks ou recompras de acções próprias (no fim do artigo explico).
Data-Com e Data-Ex
Mas a partir de quando tenho direito aos dividendos?
Aqui é importante tomar atenção a algumas datas:
Um caso real: PAGAMENTO DE DIVIDENDOS DA EDP – EXERCÍCIO 2020
Dividend Yield
Certamente, já ouviram falar do “dividend yield” (a rentabilidade do dividendo). Os dividendos são pagos em função da quantidade de acções possuída, e quanto mais barata for a compra da acção, maior é a rentabilidade. Talvez seja mais fácil de perceber com um exemplo…
Exemplo prático:
Vamos pegar no caso real da EDP:
– Nos dias anteriores à data-ex (ou data ex-dividend) foi possível comprar uma acção da EDP por €5. Se o investidor comprou a acção por €5, no dia 26 de Abril recebeu €0,19 na sua conta. A rentabilidade do dividendo (ou dividend yield) foi de 3,8% (€0,19 : €5).
– Se comprou a acção da EDP em 2003 por €1,5 e a manteve sempre em carteira, obteve uma rentabilidade de 12,67% (€0,19 : €1,50). Se o dividendo se mantiver, vai receber 12,67% todos os anos; se comprou 10.000 acções a €1,50 cada (um investimento de €15.000), vai receber €1.900 todos os anos. Nada mau!
Por isso, é sempre importante investir com um foco no longo prazo e comprar boas empresas a bons preços.
Empresas que pagam dividendos em Portugal
Estas são as empresas que em Portugal pagam dividendos, ordenadas pelo melhor dividend yield:
Mas cuidado! Nem sempre um yield elevado significa uma boa compra. É necessário atender a outros critérios, como explica o Manual do Investidor Prudente.
As melhores pagadoras de dividendos
Entre as melhores pagadoras de dividendos existem as Dividend Aristocrats (empresas que aumentam os dividendos anuais há pelo menos 25 anos) e as Dividend Kings (empresas que aumentam os dividendos anuais há pelo menos 50 anos).
Estas são as melhores, as Dividend Kings:
Calendário de dividendos de 2022
Se não houver alguma alteração, o pagamento de dividendos das principais empresas portuguesas referente ao ano de 2022 irá ocorrer nas seguintes datas:
Dividendos do futuro
Infelizmente, os dividendos estão sujeitos a impostos. Em Portugal, os investidores não recebem os dividendos brutos, mas um valor líquido de imposto após a aplicação de uma taxa liberatória. Por exemplo, no caso da EDP, os accionistas não vão receber os €0,19 por acção, mas €0,137 (se forem particulares sujeitos a IRS) ou €0,143 (se forem empresas sujeitas a IRC):