Aqui no Investidor Prudente começamos a divulgar a Lista Completa de Acções ordenada pelo maior yield em Dezembro de 2021, e as acções que na altura apresentavam yields superiores a 6% (que normalmente constituem as nossas melhores oportunidades de investimento) estão a render 14%, numa carteira hipotética, enquanto a maioria dos mercados de acções caiem, como o S&P 500 (das 500 maiores empresas americanas), que está a cair mais de 19%:
– Linha azul: Acções do Prudente que no dia 1 de Dezembro de 2021 apresentavam mais de 6% de yield
– Linha laranja: S&P 500
Que empresas estão incluídas nessa carteira?
A lista encontra-se na página 83 do Manual do Investidor Prudente (download gratuito aqui)…
… e inclui seis empresas com yields superiores a 6% (na altura a lista era pequena e as oportunidades eram mais reduzidas) – Biogen, Rio Tinto, IBM, Wells Fargo, Intel e Omnicom:
Nessa carteira hipotética foram investidos €60.000, com limite de €10.000 em cada empresa, deixando o remanescente em caixa.
E os dividendos?
A rentabilidade dessa carteira hipotética inclui os dividendos brutos distribuídos, mantidos em caixa. Se tivessem sido reinvestidos nas mesmas acções, o retorno teria sido ligeiramente maior.
Na nossa avaliação do yield, importa não só conhecer os dividendos distribuídos, mas também a remuneração atribuída aos accionistas em forma de buybacks.
Porque interessa comprar yields superiores a 6%?
Após a década de 80, as empresas começaram cada vez mais a remunerar os accionistas pela via das recompras de acções próprias (buybacks), aumentando assim a participação dos accionistas nas empresas e diminuindo a percentagem de dividendos distribuídos (e, por conseguinte, o dividend yield). Mas, em média, os accionistas continuaram a receber aproximadamente 4% de total net payout yield (dividendos + buybacks):
Um dos critérios que os grandes investidores em valor usam para afastar possíveis erros de avaliação é o da margem de segurança – isto implica comprar um activo a desconto:
Se, em média, a remuneração dos accionistas corresponde a 4%, podemos exigir uma margem de segurança ou desconto de 50%, como recomenda Benjamin Graham, ou seja, um yield de 6%:
4% x (1+50%) = 6%
O valor é um pouco arbitrário, mas como diz Benjamin Graham:
Esse número [50%] é suficiente para fornecer uma margem muito grande de segurança, a qual, sob condições favoráveis, evitará ou minimizará um prejuízo. Se tal margem estiver presente em cada integrante de uma lista diversificada de vinte ou mais acções, a probabilidade de um resultado favorável sob “condições próximas do normal” se torna muito grande. Essa é a razão pela qual a política de investimento em acções ordinárias representativas não exige percepção e previsão agudas para funcionar com sucesso. Se as compras forem feitas no nível médio do mercado ao longo de um intervalo de anos, os preços deverão trazer com eles a garantia de uma margem adequada de segurança.
Por isso, procuramos geralmente comprar yields superiores a 6% e não inferiores a 4%.
Conclusão
Não é possível retirar conclusões definitivas no estudo que acabo de realizar, pois quem investe para o longo prazo perspectiva o efeito do investimento num prazo igual ou superior a dez anos, não apenas num determinado ano. No entanto, estes dados preliminares corroboram muitos outros estudos de longo prazo baseados no yield (seja net payout yield, shareholder yield ou dividend yield). Por exemplo, o método do Décio Bazin, que exigia também 6% de yield:
Na publicação de amanhã irei actualizar a Lista Completa de Acções do Prudente ordenadas pelos melhores yields e trazer algumas novidades. Fiquem atentos.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.