Investidor Prudente - melhores ações

Meta e outros metabolismos

Bom dia, caro investidor.

Vou analisar a Meta e realizar algumas mudanças.

Mas antes gostaria de sublinhar alguns princípios “Prudentes”, especialmente para os investidores mais inexperientes.

Princípios Prudentes

  1. A «Acção do Mês» não constitui uma recomendação de compra, mas uma ideia de investimento.
  2. O conjunto das «Acções do Mês» não é uma carteira de investimento, mas um conjunto de ideias de investimento – tal como a nossa «Lista Completa de Acções» ordenada pelo melhor yield, as «Acções do Mês» são um conjunto de empresas que poderão interessar (ou não) aos subscritores do Prudente.
  3. As exclusões de empresas do conjunto das «Acções do Mês» não constituem recomendações de venda. Pessoalmente, acredito que a maioria dos investidores vai cometer menos erros seguindo uma estratégia buy and hold. Ainda assim, há investidores que poderão (por vários motivos) querer vender as suas acções para obter liquidez ou trocá-las por outras de maior yield.

 

O Investidor Prudente não faz previsões, tentando adivinhar o comportamento do mercado de acções. Seleccionamos as melhores acções, em termos de qualidade/preço (de acordo com a nossa opinião pessoal), e não fazemos recomendações individualizadas aos investidores – estes deverão ver se essas ideias de investimento fazem ou não sentido para si, se têm ou não coerência interna (isso é o mais importante).

Há subscritores (a maioria) que, de acordo com o seu temperamento, preferem manter as acções para sempre (buy and hold) e há outros que preferem vendê-las quando surgem oportunidades melhores (o que é difícil de discernir; por exemplo, quando surge a oportunidade de trocar uma empresa de baixo yield por uma de elevado yield). A estratégia é sempre muito pessoal. Passado umas décadas, os buy and holders poderão terminar com uma centena de empresas em carteira, mas esta tenderá a concentrar a maioria do capital nas 10-30 maiores posições.

Há uns que compram todos os meses diferentes empresas e há outros que preferem montar posições na mesma empresa durante meses seguidos, até aparecer outra oportunidade.

O que eu faria?

Se eu estivesse a iniciar a criação de uma carteira de acções, iria procurar montar posições em acções conservadoras que pagassem bons dividendos (como as empresas de geração e transmissão de electricidade, seguradoras, etc.) ou em excelentes empresas de elevado net payout yield ou FCF yield que apresentassem vantagens competitivas duradouras.

Primeiro pouparia pelo menos 10% do meu rendimento mensal, destinando esses recursos para o investimento (a título pessoal ou por via de uma empresa).

Depois, procuraria na «Lista Completa de Acções» e no conjunto de «Acções do Mês» empresas com yields superiores a 6% ou, pelo menos, não inferiores a 4% – sejam net payout yields, FCF yields, owner earnings yields ou dividend yields, como explica a página 51 e seguintes do Manual do Prudente (3ª edição).

A seguir, entre essas acções de elevado yield, escolheria aquela que para mim é a melhor e, ao longo dos meses, montaria várias posições na mesma empresa, até que surgisse outra melhor de yield elevado. Faria isto com consistência, todos os meses, fizesse chuva ou fizesse sol, ignorando os humores do Sr. Mercado. A diversificação surgiria naturalmente.

Se tivesse de aportar um grande montante de capital de uma só vez, faria a mesma coisa, mas, em vez de uma só empresa, escolheria logo várias empresas de elevado yield (2, 5, 10… mas não mais de 30 empresas).

Numa fase mais madura, procuraria aplicar os dividendos noutras oportunidades mais arriscadas, tanto nas large caps de crescimento como no universo das small caps, onde também há excelentes pagadoras de dividendos e acções com activos descontados (como as deep value stocks, as net-net stocks ou pontas de charuto, etc.). Se uma delas se tornasse tenbagger (ou decuplicasse), podia impulsionar bastante o crescimento do portefólio – uma acção que valha 1% da carteira passaria a valer 10%.

E quanto ao momento da venda? Por temperamento, sou um holder; não gosto de vender acções (salvo em casos excepcionais). Quando compro, penso em manter para sempre as acções.

E os impostos?

Os investidores queixam-se (e com razão) dos impostos e da teia burocrática do fisco, mas a questão da taxação dos dividendos e das mais-valias tem várias soluções, tanto no âmbito do IRS como do IRC. A saber:

  • Os investidores particulares podem englobar os rendimentos, deduzir as menos-valias (se for um buy and holder, pode vender e comprar de seguida) e recuperar totalmente ou parcialmente o imposto retido na fonte sobre os dividendos.
  • Os investidores que se enquadrem nos escalões maiores do IRS podem abrir uma empresa (unipessoal, por quotas, sociedade anónima, etc.) ou outro tipo de pessoa colectiva (associação, fundação, etc.), tanto em Portugal como nas Ilhas (que têm impostos mais simpáticos), e aplicar o regime do IRC. Aqui poderá haver mais oportunidades de pagar menos impostos. Para isso deverão contactar um contabilista certificado e definir uma estratégia (dentro da Lei, é claro).

Yield actual da Meta

Sorte? A sorte dá muito trabalho!

Neste momento, a Meta é a acção que mais valoriza (230% em menos de um ano)…

Meta e outros metabolismos 1 | Investidor Prudente

… mas o que mais me preocupa não é esta subida estonteante.

Como expliquei acima, este conjunto de acções não é uma carteira ideal de acções. Para alguns investidores até poderá ser, mas o meu propósito é proporcionar um conjunto de ideias de investimento aos subscritores – cada um saberá se lhe interessa.

Quando sugeri a Meta para a rubrica «Acção do Mês»…

… o price-to-sales estava absurdamente baixo, apesar dos valores medianos tenderem a diminuir, a médio e longo prazo…

Meta e outros metabolismos 2 | Investidor Prudente

… e o free cash flow mediano a 5 anos correspondia a $7,38 por acção:

Meta e outros metabolismos 3 | Investidor Prudente

Se esse valor fosse distribuido* aos sócios em forma de dividendo, o dividend yield seria altíssimo, à cotação de fecho do dia 2 de Novembro de 2022 ($90,54):

Dividend yield* = $7,38 / $90,54 = 8,2%

Hoje, a mediana a 5 anos mantem-se no mesmo valor ($7,38), mas a cotação está nos $300. Se esse montante fosse distribuído aos sócios em forma de dividendo, o yield seria muito baixo:

Dividend yield* = $7,38 / $300 = 2,5%

Exclusão da Meta do conjunto de «Acções do Mês»

Já há alguns meses que penso em retirar a Meta do conjunto das «Acções do Mês», pois o yield (sob várias métricas) já não é apelativo para compra, dentro de uma óptica Prudente, apesar de eu não saber o que vai acontecer às cotações – se vão subir mais 100% ou cair novamente até aos $90. Só não o fiz por um motivo educativo: não quero dar a impressão de que isto é uma recomendação de venda.

Quero que este conjunto de acções chegue às 30 empresas (se o mercado o permitir), mas esta repentina valorização da Meta está a dificultar essa tarefa. Como vários subscritores me perguntaram se a Meta ainda é uma boa compra, eu decidi excluí-la do conjunto de «Acções do Mês». Na minha opinião, o preço actual já não proporciona uma boa margem de segurança, apesar da empresa continuar a apresentar vantagens competitivas e elevados retornos sobre o capital. Se continuar assim, poderá proporcionar óptimos retornos a longo prazo. Como diz Charlie Munger:

A longo prazo, é difícil uma acção obter um retorno muito melhor do que o negócio subjacente. Se o negócio ganha 6% sobre o capital ao longo de 40 anos e o mantiver por 40 anos, não vai conseguir obter um retorno muito diferente de 6%, mesmo que inicialmente o consiga comprar com um grande desconto. Por outro lado, se uma empresa ganhar 18% sobre o capital em 20 ou 30 anos, mesmo que pague um preço caro, terminará com um bom resultado.

Quem comprar agora a Meta (a $300) pode, mesmo assim, ter um bom resultado a 40 anos, mas quem a comprou a $90 pode ter um resultado ainda melhor. Por isso, é sempre importante comprar yields superiores a 6% ou, pelo menos, não inferiores a 4%.

A Meta vai ser excluída do conjunto das «Acções do Mês» hoje à cotação de fecho.

 

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

Disclaimer

Esta publicação é para efeitos meramente informativos e educacionais e não deverá ser entendida como uma recomendação para comprar ou vender acções.

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