Bom dia, caros investidores.
A próxima blue chip que faltava é a Dior, que está a cair mais de 16% desde o início do ano (já esteve a cair mais de 30%):
1. Apresentação
A história da Christian Dior começou em 1946, quando Monsieur Christian Dior abriu o seu próprio estabelecimento de alta costura numa casa na 30 Avenue Montaigne, em Paris, onde a empresa tem ainda a sua sede.
O grupo Boussac, que na época era dono da Christian Dior, foi adquirido em 1984 por Bernard Arnault em associação com um grupo de investidores. Em 1988, a Christian Dior adquiriu, através de uma subsidiária, 32% da LVMH, uma participação que seria aumentada gradativamente ao longo dos anos. Hoje, quem na prática controla a LVMH é a família Arnault:
O grupo Christian Dior foi formado através de sucessivas alianças entre empresas, muitas delas com origens centenárias…
… e hoje apresenta um portefólio diversificado de marcas que inclui vinhos, bebidas espirituais, roupas e produtos de luxo (que constituem a maioria da receita), perfumes, cosméticos, relógios, joalheria e lojas de retalho (como a Sephora):
2. Principais Accionistas
A família Arnault detém 97,5% de participação na Dior…
… e 47,87% na LVMH:
3. Gráfico de Longo Prazo e Dividendos
Ali na década de 90, foi o melhor momento para investir, pois o dividendo chegou a render mais de 6%…
… e agora que foram distribuídos €7 por acção em 2021, o maior de sempre…
Nota: entre 2011 e 2013 houve uma mudança no ano fiscal, que terminava em Dezembro e passou a terminar em Abril. Em 2017, passou a terminar novamente em Dezembro.
… o dividend yield corresponde a apenas 1%. Em 2022 deverão ser pagos €10 por acção (equivalente a um dividend yield de 1,57%).
4. Evolução do Número de Acções e Valor de Mercado
O número de acções mantém-se estável e a capitalização bolsista subiu imenso (para €115 B):
5. Informação Financeira
A receita cresceu de forma sólida quase 9% ao ano…
… mas o lucro tem lateralizado nos últimos 15 anos:
Em 2021, a receita (€64 B) e o lucro (€4,9 B) foram os maiores de sempre e a divida líquida (€9,5 B) é inferior ao EBITDA médio dos últimos 5 anos:
6. Desenvolvimento
A Christian Dior nunca teve resultados tão bons como os de 2021, onde registrou um crescimento da receita de 44% em relação a 2020 e de 20% em relação a 2019:
January 27, 2022
New records for the Christian Dior group in 2021
Em relação aos destaques de 2021, não encontrei novidades excepcionais:
Highlights of 2021 include:
• A record year, especially for the major brands,
• Major success of champagne and cognac,
• Exceptional performance by the Fashion & Leather Goods business group, in particular Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, Celine and Loewe, which achieved record levels of revenue and profitability,
• Worldwide success of Christian Dior’s Sauvage fragrance,
• Strong revenue growth in Asia and the United States and a gradual recovery in Europe,
• Successful integration, in its first year in the Group, of Tiffany, which produced a record performance,
• Good performance of the other Watches & Jewelry Maisons,
• Continued growth in online sales,
• Strong rebound of Sephora,
• Travel retail activities still held back by international travel,
• A record level of operating free cash flow,
• Gross capital expenditures over €3 billion.
Como não tem havido recompras líquidas de acções próprias (pelo contrário, ocorreu uma ligeira diluição), o net payout corresponde ao valor aproximado dos dividendos pagos, que deverão atingir um máximo histórico de distribuição em 2022 (de €10 por acção):
7. Conclusão
A Dior é uma empresa excepcional. Compreende-se porque a família Arnault não quer vender as acções, mesmo estando o preço bastante elevado:
A família Arnault conhece bem a distinção entre o que é ser um investidor e um especulador, perspectivando um horizonte de muito longo prazo. Por isso não se importa de ganhar pouco mais de 1% em dividendos e compensações salariais na Administração (como eu não sou Bernard Arnault, exijo 6%).
Mas cuidado! O investidor particular da Dior sofre um grande risco. Sabemos que a cotação é formada por poucos participantes no mercado, já que a maioria das acções está na posse da família Arnault. Se estes participantes fizerem a acção cair bastante, a família Arnault pode ter interesse em comprar as restantes acções e tornar a empresa privada. E como as cotações estão altas, a família pode ainda ter interesse em emitir novas acções afim de realizar outros negócios, diluindo a participação dos actuais accionistas.
Parece-me mais provável o preço das acções subir para valores ainda mais altos do que cair até atingir um dividend yield de 6%. Infelizmente (para nós), é muito improvável que esta acção venha a ser objecto de interesse por parte do Investidor Prudente.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico