Vou continuar a analisar todas as empresas de grande capitalização cotadas em Bolsa, dando prioridade às melhores segundo vários tipos de critérios. Um dos critérios que costumo usar é o longo historial de distribuição de dividendos (por exemplo, as empresas que pagam dividendos ininterruptos há mais de 20 anos). Na minha longa pesquisa, esbarrei contra a Franklin, uma gestora de patrimónios ligada a um value investor muito querido do Prudente – Sir John Templeton:
1. Apresentação
A Franklin Resources (NYSE: BEN) é uma gestora de patrimónios que opera sob a marca Franklin Templeton, entre outras subsidiárias. A empresa foi fundada em Nova York, em 1947, por Rupert H. Johnson, dono de uma corretora bem-sucedida de Wall Street. Ao nomear a empresa, Rupert inspirou-se em Benjamin Franklin, porque o funding father defendia a frugalidade e a prudência quando se tratava de economizar e investir (algo muito caro ao Investidor Prudente). Os primeiros fundos mútuos criados pela empresa, os Franklin Custodian Funds, eram constituídos por acções e obrigações, sendo administrados de forma conservadora e projectados para atrair a maioria dos investidores. Em 1971, a empresa tornou-se pública, e começou a ser negociada na Bolsa de Nova York em 1986. Várias aquisições se seguiram, mas há uma que se destaca – a Templeton, Galbraith & Hansberger por $913 M, em 1992, da qual Sir John Templeton era proprietário – que deu origem à Franklin Templeton. O negócio cresceu, e, em Fevereiro de 2009, a revista Barron’s chamou a Franklin Templeton de “Rei da Década” devido à performance dos seus fundos.
Hoje, a empresa oferece os seus serviços e produtos sob várias marcas distintas, tais como a Franklin Templeton, Legg Mason, Benefit Street Partners, Brandywine Global Investment Management, Clarion Partners, ClearBridge Investments, Fiduciary Trust International, Franklin Bissett, Franklin MutualSeries, K2, LibertyShares, Martin Currie, Royce Investment Partners, Western Asset Management Company, entre outras:
A Franklin gere vários tipos de fundos e ETFs (de acções, obrigações, ouro, etc.) e detém $1,5 B de activos sob gestão…
… estando a maioria localizados nos EUA:
Mais de metade dos activos sob gestão relativos aos fundos mútuos e compostos* excederam o desempenho dos seus pares em todos os períodos apresentados…
*A composite is an aggregation of one or more portfolios into a single group that represents a particular investment objective or strategy.
… e (claro) quase 80% da receita vem das comissões de gestão desses fundos:
2. Principais Accionistas
Os principais accionistas têm raízes familiares na empresa e participam dos seus órgãos de direcção:
Jennifer M. Johnson and Gregory E. Johnson are siblings, and their uncle is Rupert H. Johnson, Jr. Each serves as both a director and an executive officer of Franklin.
3. Gráfico de Longo Prazo e Dividendos
Após uma forte ascensão, a acção lateralizou nos últimos 15 anos:
E paga dividendos desde 1981. Além disso, faz parte das Dividend Aristocrats:
4. Evolução do Número de Acções e Valor de Mercado
Além dos dividendos, a Franklin remunera os accionistas com recompras de acções próprias. A empresa vale em Bolsa menos de metade do que valia há 15 anos:
5. Informação Financeira
A receita de 2021 quase que superou o máximo histórico verificado em 2014…
… assim como o lucro, que está próximo aos valores máximos de 2012-2015:
A posição em caixa e os outros meios financeiros líquidos cobrem bem a dívida total, que é constituída sobretudo por obrigações de longo prazo:
6. Desenvolvimento
Em Julho de 2020, a Franklin Templeton adquiriu a Legg Mason, colocando a Franklin Templeton entre as 10 maiores casas de investimento do mundo…
… com $1,5 T de activos sob gestão (AUM). Em Janeiro de 2022, a Franklin Templeton adquiriu a O’Shaughnessy Asset Management, uma empresa de gestão de activos fundada por James O’Shaughnessy, autor de um livro excelente sobre quantitative investing. Li e recomendo:
A concorrência dos fundos passivos é um dos principais factores de risco da Franklin. A nova CEO diz que os fundos de gestão activa poderão vencer os fundos de gestão passiva na próxima década, que foram beneficiados por vários tipos de incentivos, pelas baixas taxas de juro e pelas economias de escala:
Eu considero perigoso raciocinar em termos genéricos e abstractos (“fundos activos”!?)… há certamente muitos fundos activos que dificilmente conseguirão superar o mercado, devido à natureza da gestão e às comissões elevadas, assim como muitos fundos passivos, mas considero que alguns fundos do tipo value com uma postura orientada para o longo prazo, podem sair vencedores. Resta saber se a Franklin Resources ainda preserva o seu perfil conservador inicial e a cultura dos seus fundadores (Rupert e John Templeton).
Os analistas prevêem uma queda da receita, mas um aumento do lucro líquido. Este ano estão previstos lucros de $3,61 por acção:
A remuneração dos accionistas em forma de dividendos e buybacks é de $2,39 por acção…
… proporcionando um yield superior a 9%. Os lucro actuais suportam bem essa remuneração, e mesmo os lucros verificados durante a crise do subprime dariam para suportar esse net payout:
7. Conclusão
De imediato posso dizer que gostei da história da empresa, da sua cultura value e prudente, dos fundamentos actuais e do yield proporcionado aos accionistas. O preço da acção está bastante convidativo (o PERttm corresponde a apenas 6,9x), mas os desafios futuros são grandes. É certo que, se tudo estivesse bem, a acção não estaria barata. Apesar das incertezas futuras, vou manter esta acção na Lista Completa de Acções do Prudente.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico